TerapĂŞutica da hansenĂase
por PatrĂcia D. Deps,
e Marco Andrey Cipriani Frade.
HistĂłrico do tratamento da hansenĂase
A hansenĂase, por ser uma das doenças mais antigas que conhecemos, foi objeto das mais diversas e empĂricas tentativas terapĂŞuticas ao longo dos tempos. O primeiro tratamento efetivo foi introduzido por Mouat, em 1854, quando utilizou o Ăłleo extraĂdo das sementes de uma arvore chamada Chaulmoogra (1). Embora com resultados mĂłdicos com esse Ăłleo para o tratamento da hansenĂase Ă Ă©poca, sementes e mudas passaram a ser exportadas a partir do sudeste asiático e aclimatadas em várias partes do mundo. Sais e Ă©steres foram aperfeiçoados e usados por vias oral e endovenosa, e em aplicações hipodĂ©rmicas e, mesmo com significativos efeitos colaterais, foram mantidos como tratamento para hansenĂase atĂ© o aparecimento da sulfona (2)
Guy Faget e colaboradores (3), em 1941, experimentando uma glicosulfona sĂłdica (Promin®) em pacientes de Carville, EUA, abre o ciclo das sulfonas no tratamento da hansenĂase. As sulfonas já eram conhecidas desde 1833 e foram usadas como taninos artificiais e inseticidas atĂ© o aparecimento do DDT. A sulfona mĂŁe, a diaminodifenil sulfona (DDS), sĂł foi sintetizada por Fromm e Whittmann (4), na Alemanha em 1908, mesmo ano da sĂntese das sulfonamidas. Na ausĂŞncia de adequados estudos toxicolĂłgicos e de segurança adequados Ă Ă©poca, o uso de doses análogas das duas drogas fez com que efeitos indesejáveis inviabilizassem sua utilização por muitos anos.
Em seguimento a Faget e colaboradores (3), vários hansenologistas em diferentes regiões do Planeta como Cochrane e colaboradores (5), na Índia, Lowe (6),na Nigéria, Floch (7),na Guiana Francesa, confirmaram a atividade da droga em doses menores e por via oral, estabelecendo profunda mudança no tratamento da doença, até então baseado principalmente no isolamento e segregação dos pacientes.
Em 1960, Shepard (8) consegue a multiplicação do M. leprae, no coxim plantar do camundongo, podendo provar laboratorialmente a atividade da sulfona e a experimentação de novas drogas. Em contrapartida, poucos anos mais tarde, a suspeita clĂnica de resistĂŞncia a sulfona veio a ser tambĂ©m demonstrada pelo mesmo mĂ©todo (9).
O aparecimento de resistĂŞncia secundária em prevalĂŞncia crescente em diversos paĂses fez com que, em 1976, a Organização Mundial da SaĂşde (OMS) (10) recomendasse um esquema de tratamento com duas drogas em lugar da monoterapia sulfĂ´nica utilizada. A droga que seria associada a sulfona no tratamento, a rifampicina, apresentava alta atividade bactericida e havia sido usada pela primeira vez em 1963, por Opromolla (11).
A recomendação de utilização conjunta da dapsona com a rifampicina, cujo objetivo principal era evitar o aparecimento de resistĂŞncia secundaria a dapsona, nĂŁo durou muito tempo, pois em 1977, Pearson (12) descreveu sulfonorresistĂŞncia em cinco pacientes virgens de tratamento. Esse fato fez com que a nova recomendação, em 1981, fosse no sentido de que o tratamento padrĂŁo incluĂsse trĂŞs drogas. A escolha da que viria a fazer parte do novo esquema recaiu sobre a clofazimina, um corante iminofenazĂnico originário da anilina, sintetizado em 1954.
Esquema poliquimioterápico – PQT/OMS
A combinação de trĂŞs drogas antimicrobianas para tratamento da hansenĂase, a chamada poliquimioterapia (PQT), constitui-se no maior avanço na luta contra a doença (13).
O nĂşmero de casos registrados diminuiu drasticamente principalmente pela eficácia e duração mais curta da PQT. Entretanto, o nĂşmero de casos novos vem se mantendo em patamares preocupantes, demonstrando a necessidade de avaliação e estudo da problemática que impede a eliminação da endemia em muitos paĂses (13).
O tratamento do paciente com hansenĂase Ă© a ação essencial para controle da endemia e da luta pela eliminação da hansenĂase como problema de saĂşde pĂşblica. Portanto, ele deverá ser o mais precoce e eficaz possĂvel para romper a cadeia epidemiolĂłgica de transmissĂŁo da doença, evitar a resistĂŞncia do M. leprae Ă monoterapia e impedir a evolução da doença prevenindo a instalação da incapacidade fĂsica e social do paciente (13,14).
O tratamento integral do indivĂduo com diagnĂłstico de hansenĂase compreende alĂ©m da PQT, que durante a tomada mensal de medicamentos Ă s doses supervisionadas, deve-se avaliar o paciente para acompanhamento da evolução de suas lesões de pele, do seu comprometimento neural e verificar a presença de quadros reacionais e neurites. Ainda, os pacientes deverĂŁo receber orientações sobre as tĂ©cnicas de prevenção de incapacidades (15).
A PQT Ă© bastante eficiente, porĂ©m cepas resistentes passaram a ocorrer nas Ăşltimas duas dĂ©cadas, alcançando 2% dentre os pacientes casos novos e 5,1% dentre os casos recidivantes tratados adequadamente, principalmente resistentes Ă rifampicina, a Ăşnica droga bactericida do esquema (16). Nestes casos, a PQT pode ser repetida ou utilizar esquemas substitutivos especĂficos, mas deverĂŁo ser avaliados em serviço de referĂŞncia (15).
A PQT Ă© constituĂda pelo conjunto dos seguintes medicamentos: rifampicina (RFM), dapsona (DDS) e clofazimina (CFZ), com administração associada dependendo da classificação operacional dos pacientes (15).
Tanto em adultos quanto em crianças, aos casos de intolerância a um dos medicamentos da PQT é indicado esquema substitutivo e, em geral, são encaminhados para avaliação em serviço de referência (15).
Os medicamentos sĂŁo administrados por dose supervisionada (mensal), tomada na unidade de saĂşde, associada Ă s doses autoadministradas (diária) no domicĂlio. As doses supervisionadas devem ocorrer, preferencialmente, com um intervalo de 28 dias. O paciente obtĂ©m alta por cura apĂłs a administração do nĂşmero de doses preconizadas pelo esquema terapĂŞutico e de acordo com o resultado do exame dermatoneurolĂłgico, utlizando a avaliação neurolĂłgica simplificada e do grau de incapacidade fĂsica (15).
Para o tratamento de menores de 15 anos, o peso deverá ser o indicador mais importante. Em casos de crianças pesando mais de 50 kg, utilizar a dose de adulto. De 30 a 50 kg, utilizar as cartelas infantis (marrom/azul); e para as crianças menores de 30 kg deve-se fazer os ajustes das doses(15).
A gravidez e o aleitamento não contraindicam a PQT padrão. No caso de pacientes coinfectados e em tratamento para HIV/AIDS, mantém-se o esquema PQT/OMS de acordo com a classificação operacional (15).
Esquema PQT para pacientes PB e MB
O esquema PQT-PB constituĂdo de duas drogas apenas (Rifampicina e Dapsona em cartela verde/adulto ou azul/infantil) será utilizado atĂ© o findar de 2020, quando o MinistĂ©rio da SaĂşde do Brasil passará a seguir as orientações da OMS (2018) (17).
Seguindo os as orientações da OMS publicadas em setembro de 2018, ambos os tipos de pacientes passaram a usar o mesmo esquema PQT-MB com três drogas (Rifampicina, Dapsona e Clofazimina), como mostra o esquema abaixo (15), diferenciando apenas o tempo de tratamento, sendo de 6 meses (6 doses mensais supervisionadas em até 9 meses) para os classificados como paucibacilares e de 12 meses (12 doses mensais supervisionadas em até 18 meses) para os pacientes multibacilares (17). Os pacientes que ainda apresentarem muitas lesões cutâneas no final da PQT, poderá ser necessário administrar 12 doses adicionais de PQT-MB.
Tabela 1. Dosagens para adultos e crianças da poliquimioterapia para hansenĂase.
Crianças com menos de 30kg
Para esses pacientes, a dose deverá ser ajustada de acordo com o seguinte esquema:
Tabela 2. Dosagens da poliquimioterapia para a hansenĂase.
Há estudos que propõem o esquema unificado denominado U-MDT que buscam unificar o tratamento PQT-MB com trĂŞs drogas para todos os pacientes por apenas seis meses independente de sua classificação clĂnica, paucibacilar ou multibacilar (18), no entanto, a OMS nĂŁo encontrou evidĂŞncias robustas de sua eficácia para sua indicação conforme suas diretrizes de 2018.
Esquemas terapĂŞuticos substitutivos da PQT/OMS
Caso seja constatado impedimento de uso de algum dos medicamentos utilizados na PQT/OMS, os esquemas substitutivos deverão ser considerados. Entretanto, o paciente deve ser avaliado em serviço de referência. Em geral, podem ser utilizadas as drogas, ofloxacino (OFX) OU minociclina (MNC), conforme abaixo:
Intolerância à dapsona (DDS)
O tempo de tratamento mantem-se o mesmo da PQT/OMS padrĂŁo. Observar que pode ser utilizado minociclina (MNC) OU ofloxacino (OFX) (15)15.
Tabela 3. Esquema substitutivo para intolerância à dapsona (DDS)
Intolerância à clofazimina (CFZ)
Semelhante à intolerância à dapsona, o tempo de tratamento mantem-se o mesmo da PQT/OMS padrão, podendo ser utilizado minociclina (MNC) OU ofloxacino (OFX)(15), conforme quadro abaixo:
Tabela 4. Esquema substitutivo para intolerância à clofazimina (CFZ)
Intolerância à rifampicina (RFM)
Deve seguir o esquema substitutivo abaixo. Observar que também pode ser utilizado minociclina (MNC) OU ofloxacino (OFX) (15).
Tabela 5. Esquema substitutivo para intolerância à rifampicina (RFM)
Intolerância à RFM e DDS
No esquema PQT/MB, ofloxacino e minociclina deverão ser utilizados juntos nos 6 primeiros meses. Do 7o mês de tratamento até o 24o mês voltam a ser usados separadamente, ou seja, OFX ou MNC (15).
Tabela 6. Esquema substitutivo para intolerância à RFM e DDS.
Intolerância à DDS e CFZ
Deve seguir o esquema de tratamento abaixo, com uso de Rifampicina (RFM), Ofloxacino (OFX) e Minociclina (MNC). Tratamento previsto para a faixa etária adulta (15).
Tabela 7. Esquema substitutivo para intolerância à DDS e CFZ.
Tratamento das reações hansênicas
Toda atenção possĂvel deverá ser prestada ao paciente com suspeita de episĂłdio reacional. A definição do tipo de reação hansĂŞnica Ă© fundamental para instituir o tratamento para o paciente. Assim, o amplo conhecimento dos estados reacionais em hansenĂase Ă© de extrema importância. Deve ser realizado exame neurolĂłgico minucioso e em alguns casos o estado geral poderá estar comprometido. O tratamento deverá ser iniciado nas primeiras 24 horas, geralmente Ă© ambulatorial e realizado por mĂ©dico. Em alguns casos haverá a necessidade de internação, dentre outras necessidades, o tratamento cirĂşrgico (descompressĂŁo de nervos) associado.
Tratamento da Reação Tipo 1
A corticoterapia (prednisona) Ă© o tratamento eletivo da reação tipo 1, a dose preconizada para inĂcio do tratamento Ă© de 1 mg/kg/dia, e deve ser mantida atĂ© a regressĂŁo do quadro reacional e entĂŁo reduzida lentamente a intervalos fixos conforme avaliação clĂnica (13). Avaliar todas as variáveis e considerações para utilização de corticoterapia oral por tempo prolongado – anotar peso, glicemia de jejum, pressĂŁo arterial, e proceder tratamentos profiláticos da estrongiloidĂase e da osteoporose (15). Pulsoterapia com corticĂłide deverá ser avaliada nos casos de neurites de difĂcil controle.
Em casos de neurite, a imobilização do membro afetado deverá ser feita. Se o paciente estiver em tratamento com a PQT/OMS, a mesma não deverá ser descontinuada, somente em casos especiais após julgamento da equipe médica.
Com o objetivo de evitar a incapacidade fĂsica, o paciente deve ser sempre monitorado quanto Ă s funções dos nervos perifĂ©ricos por meio da avaliação neurolĂłgica simplificada com atenção ao grau de incapacidade.
Tratamento da Reação Tipo 2 ou Eritema Nodoso Hansênico (ENH)
Para o tratamento do ENH, a talidomida (alfa-N-pthali-midoglutarimide) é recomendada como droga de eleição (15,19-21),porém, o uso de corticosteróides é mandatório quando há envolvimento neural associado, mão e pé reacionais, neurite, irite, iridociclite, orquite, nefrite e ENH necrotizante (15).
A talidomida, sendo tratamento de escolha, deve ser utilizada na dose de 100 a 400 mg/dia conforme o acometimento e gravidade do quadro.
Para prescrição da talidomida, deve-se estar atento a principal contraindicação desta medicação: gravidez e mulher em idade fĂ©rtil. Apenas em mulheres fĂ©rteis que utilizam, no mĂnimo, dois mĂ©todos efetivos de contracepção (sendo pelo menos um mĂ©todo de barreira), a droga poderá ser considerada, mesmo assim somente nos casos em que o benefĂcio da talidomida nĂŁo seja alcançado por outros tratamentos. Observar a RDC no 11, de 22 de março de 2011 e Lei no 10.651, de 16 de abril de 2003 (15).
Na impossibilidade do uso da talidomida para reação tipo 2, a pentoxifilina na dose de 400 mg de 8/8 horas deve ser usada, associada ou não com a prednisona prescrita na dose de 1mg/kg/dia, ou dexametasona na dose equivalente (0,15 mg/kg/dia). Cuidados gerais para uso de corticoterapia sistêmica devem ser tomados (15).
No caso do uso de corticĂłides juntamente com talidomida, o ácido acetil salicĂlico deverá ser prescrito na dose 100mg/dia para evitar tromboembolismo (15).
Se o paciente está em uso de PQT/OMS, a mesma deve ser mantida durante o tratamento da reação hansênica. Deverá ser feita a imobilização do membro envolvido no caso de neurite associada. As doses da talidomida e do corticóide deverão ser reduzidas (lentamente) conforme a resposta terapêutica.
Betametasona (22), pentoxifilina (23), clofazimina (24,25),ácido acetil salicĂlico (26), cloroquina (26), indometacina (26,27) e levamisole (28) foram tambĂ©m testados no tratamento do ENH. E alĂ©m da talidomida e corticĂłides, a clofazimina mostrou-se eficaz na dose de 300mg/dia.
Deve-se sempre avaliar, principalmente nos casos de de reação hansênica (tipo 1 ou 2) com pouca melhora utilizando-se dos esquemas acima, a possibilidade de comorbidades, como: infecções concomitantes em geral, alterações hormonais, situações de estresse emocional, distúrbios de ansiedade, reinfecção, diabetes e outros (15).
Tratamento clĂnico para dor neural intensa (dor neural nĂŁo controlada)
Deve ser avaliado por serviço de referência para considerar a necessidade de descompressão cirúrgica. Podem ser considerados para uso os antidepressivos, como cloridrato de amitriptilina na dose de 25 a 300 mg por dia ou cloridrato de nortriptilina na dose de 10 a 150 mg por dia. Ainda, os neurolépticos como a clorpromazina 25 a 200 mg/dia. Ainda, anticonvulsivantes, como a carbamazepina na dose de 200 a 3000 mg por dia; e gabapentina de 900 a 2400 mg por dia (15).
Tratamento das reações hansênicas em crianças
Nas reações do tipo 1 e neurites o corticóide é a droga de escolha em doses que podem variar de 0,5 mg a 1 mg por kg/dia, mesma dosagem que deverá ser usada nas reações tipo 2. Em relação ao uso da talidomida nas reações tipo 2 até o momento não existem trabalhos sobre a segurança da droga em menores de 12 anos. Acrescenta-se, ainda, a proibição do uso em meninas pelo risco de gravidez.
Principais medicamentos usados na PQT e efeitos colaterais
A frequência de efeitos colaterais causados pela PQT relatada por publicações brasileiras tem variado bastante, de 0,61% a 45% dos pacientes em tratamento. Embora não seja grave, nem impeça a continuação do tratamento, o efeito colateral mais observado é a mudança na pigmentação da pele, que ocorre na grande maioria dos pacientes em uso de clofazimina (14,29–32).
Dapsona
É a diamino-difenil-sulfona (DDS). Droga essencialmente bacteriostática e o seu modo ação é competir com o ácido paraminobenzóico, por uma enzima, a dihidropteroato sintetase, impedindo a formação de ácido fólico pela micobactéria. Apesar de ser considerada uma droga segura na dosagem utilizada pela PQT (29), é o medicamento do esquema que mais causa efeitos colaterais graves.
Segundo a OMS (31), o principal efeito colateral da dapsona Ă© a reação alĂ©rgica, ocasionando desde exantemas pruriginosos atĂ© dermatite esfoliativa. Entretanto, autores brasileiros descrevem que a dapsona provoca, nĂŁo raramente, anemia hemolĂtica, metahemoglobinemia, icterĂcia, reações psicĂłticas e sĂndrome dapsona(14,29–32). A tabela 8 mostra a frequĂŞncia dos efeitos colaterais encontrados em estudo com 174 pacientes em uso de PQT tratados na RegiĂŁo Metropolitana da Grande VitĂłria-ES, Brasil (14).
Alterações hepáticas quando ocorrem, sĂŁo mais freqĂĽentes nos primeiros 3 meses de tratamento. Manifestam-se geralmente com aumento das bilirrubinas e das transaminases, com ou sem icterĂcia (14).
Rifampicina
Tem potente ação bactericida contra o M. leprae (11) e atua inibindo o RNA polimerase dependente de DNA. Poucos efeitos colaterais têm sido reportados com a administração mensal (13).
Entretanto, existem várias publicações relatando principalmente efeitos como erupções cutâneas, pĂşrpura trombocitopĂŞnica, hepatite, sĂndrome gripal, anemia hemolĂtica, choque, insuficiĂŞncia respiratĂłria e insuficiĂŞncia renal aguda(14,29–31,33,34).
Clofazimina
A clofazimina Ă© um corante rimino-fenazĂnico com ação tanto bacteriostática quanto anti-inflamatĂłria, cujo mecanismo de ação pouco conhecido, provavelmente o faz por ação direta sobre o DNA bacteriano(35,36). A clofazimina Ă© bem tolerada e poucos efeitos colaterais sĂŁo relacionados a ela, e todos de baixa gravidade. Os mais importantes sĂŁo: hiperpigmentação da pele, conjuntiva e lĂquidos orgânicos; ressecamento tegumentar e secura ocular; sintomas gastrointestinais: dor abdominal, náusea, vĂ´mito, diarreia, anorexia, perda de peso e obstrução intestinal. Como efeito colateral mais grave o paciente pode apresentar a sĂndrome do intestino delgado, caracterizada por diarreia persistente, perda de peso e dor abdominal(14,35)
Tabela 8. Efeitos colaterais relacionados com os medicamentos utilizados na PQT (14).
Um efeito colateral raro da poliquimioterapia Ă© o linfohistiocitose hemafagocĂtica (HLH). Esse quadro Ă© caracterizado por febre, esplenomegalia, pancitopenia, hiperferritinemia acentuada, hipertrigliceridemia e hemofagocitose histiocĂtica na medula Ăłssea. Isso se dá pois a PQT/OMS nĂŁo consegue alcançar a medula Ăłssea, que serve de um nicho oculto para o M. Leprae. HLH pode ser confundido com SĂndrome dapsona e com reação tipo 2. Por isso, avaliar a medula Ăłssea do indivĂduo com essas suspeitas Ă© essencial para o correto diagnĂłstico e conduta(37–39).
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